SOBRE O DETRAN – POR JOSE ANTONIO DE MORAES

Na coluna do Sr. Luiz Tito (O Tempo, edição de 4/8, pág. 8), sob o título “Polícia Civil”, li que há incômodo de setores da instituição quanto à terceirização do processo de vistorias veiculares, “como um gargalo no Detran”, que estaria arranhando a imagem da PC, ante operações desencadeadas pelo MP/Gaeco, alicerçadas em prática de corrupção.

Há incômodo, sim. Não falo por esses “setores”, mas pela relativa experiência que adquiri no exercício dos cargos que ocupei. Corregedor-Geral de Polícia Civil, por cerca de seis anos, sugeri e apliquei penas disciplinares a policiais civis, por desvios de conduta. De certa feita, em um dos plenarinhos da Assembleia Legislativa, ousei dizer – e infelizmente tenho a certeza de que não me enganara –, que não havia, naquela época, como ainda não há, instituição a cavaleiro quanto a esses desvios. Afinal, os recrutamentos são feitos na mesma sociedade que a todos nos abriga.

Fui Diretor-Geral do DETRAN-MG (2003/2005) e ali fui procurado, mais de uma vez, por “especialista em autarquia”. Tinha-se, à época, o do Rio Grande do Sul como vitrine. Dele, pouco tempo depois, soubemos do desastre que fora. Os jornais noticiaram. Alguém se lembra?

Querem transformar o Detran de Minas em autarquia. Que o façam! Afinal, o poder é político. Respeito, mas divirjo. O argumento de que a causa é a corrupção dói – e dói muito

–, inclusive, e por ser no todo distanciado da verdade.

A causa, que o governo não quer admitir, são os cargos em comissão e de recrutamento amplo. Quem leu o projeto, está ciente de que serão criados mais de 70 cargos, aí compreendido o de direção-geral. Isso, sim, enche os olhos de quem poderá ocupá-los e, óbvio, de quem terá autoridade para mandar preenchê-los.

Está no projeto Autarquia Detran que as Ciretrans serão mantidas nas Delegacias Regionais de Polícia Civil, como mantidos, também, serão os policiais e examinadores que, na data da publicação da lei, no Detran estiverem lotados.

Ora, se a motivação é a “maçã podre”, por que mantê-la na mesma cesta? Eu, hein!

José Antonio de Moraes Delegado-Geral de Polícia – (aposentado)

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